Vianney
Mesquita*
A
paciência, repetidamente provocada, decerto, se transformará em fúria. (Publílio Siro).
No
dia 15 recentemente transato (dezembro de 2015), o blog da Academia Cearense de Literatura e Jornalismo publicou, convenientemente
ilustrada com um quadro do pintor italiano Cesare Maccari, a matéria aludida no
fundamento desta nota - Políticos
Brasileiros - A Frase do Dia
- com vistas a evidenciar a fase sociopolítica do Brasil, na Operação Catilina, denominada pela imprensa do País para uma manobra da Polícia
Federal, sucedida naquela data.
Absolutamente
oportuna e vergonhosamente veraz é esta sentença sugerida pela imprensa
nacional, subsidiariamente estendida pela nossa Editoria, para retratar a
Pátria então vigente, quando, por exemplo, despudorados catilinas, poucos,
felizmente, do universo de 513 deputados à Câmara Baixa do País – e põe “baixa”
nisto – se esmurram e permutam palavras de calão reles, como se representantes
fossem de uma laia semelhante à sua, fato a não se coadunar conosco, os
nacionais que, em pecaminoso equívoco, os elegemos em pleito democrático.
Sem querer, tampouco necessitar, entrar no
mérito – corrijo, demérito, da
estória – pois o País inteiro assiste, e o estrangeiro em peso acha graça de
nós, vou somente, com vistas a facilitar para o leitor a descodificação da
sentença oferecida a fim de fotografar o dia, trazer achegas informacionais às
renomeadas indagações de Cícero, fartamente mencionadas pelos registos
históricos. Eis as duas primeiras interrogações: Quosque tandem abutere, Catilina, patientia nostra? Quam diu etiam
furor iste tuus eludet?
As
muito historicamente conhecidas Catilinárias,
as quais concederam a Marco Túlio Cícero o título de Pai da Pátria, constituem um conjunto de
quatro orações expressas contra Lucius Sergius Catilina – a primeira e a
derradeira dirigidas ao Senado Latino, e as do meio diretamente ao povo romano.
As
duas ora reproduzidas na língua do Lacio, falada no então Império Latino –
depois código de expressão das Ciências até época relativamente próxima -
traduzem-se em: Até quando, Catilina,
abusarás da nossa paciência? E Por
quanto tempo tua loucura haverá de zombar de nós?
Lúcio
Sérgio Catilina foi il capoccia de uma conjuração para chegar à
República, na Cidade Eterna, no ano 63 a.C. Destemido, audacioso e arrojado,
porém desprovido de consciência, dirigiu a conspiração contra o Senado (SPQR – Senatus Populusque Romanus, denominação
oficial do Império), em cuja maquinação incluía as pessoas e autoridades mais
depravadas daquele senhorio despótico.
A trama foi, então, denunciada por Cícero que,
na qualidade de cônsul, desmantelou a estratégia de Catilina, tendo conduzido à
condenação os seus sequazes, consoante proposto por Catão de Útica, o Jóvem,
descendente de Catão, o Antigo.
Lucius
Sergius Catilina morreu de armas em punho antes de alcançar seus desígnios (62
a.C), na cidade de Pistoia, hoje com aproximadamente 84 mil habitantes, região
da Toscana (Itália) – vinculada à História Nacional, pelo fato de ali terem
sido sepultos um em dos cemitérios os
corpos de componentes da FEB – Força Expedicionária Brasileira, que pelejaram
na Segunda Guerra Mundial, na aleia dos chamados Aliados contra o Eixo RO-BER-TO
– Roma, Berlim e Tóquio.
A
relação procedida com Cícero, Catilina e as Catilinárias para nominar a supramencionada
operação da Polícia Federal brasileira reside no fato de haver Lucius Sergius
restado para o enredo histórico da Humanidade como o protótipo do conspirador,
de sorte que o seu nome é, ainda hoje, empregado para qualificar negativamente
os que tendem a conquistar fortuna e poder, por todos os meios, ao afundar na
desdita a própria Alma Parens,
consoante sucede agora no Brasil.
Acresce
referir, por curiosidade, a ideia de o mencionado evento haver transposto à
História, em razão - além da sua relevância fática como ocorrência altamente
representativa do passado - da preeminência experimentada pelo Latim como língua
culta, cujo emprego, consoante adiantei há pouco, consumiu longo tempo feito
código da manifestação científica em todo o Mundo, bem assim, utilizado como
expediente comunicativo da Igreja Católica, detentora de enorme poder, grande
até a atualidade.
De
tal maneira, as obras eruditas, expressas na codificação românica, consoante
ocorreu com os dois pares de Catilinárias,
inda são (bem menos, porém, do que dantes) exercitadas em escolas de vários
países, como teores de matérias jungidas ao Latim, o qual, por meio de
bestuntos tão estreitos de nossas então “autoridades” educacionais, sobrou
retirado dos nossos curricula, trazendo
imenso prejuízo, no Brasil, ao aprendizado da Língua Portuguesa. É o caso de
também se perguntar – Quosque tandem?
Por
conseguinte, continuemos todos a indagar, até se chegar a um modus faciendi para a conclusão de um
estado crítico tão indecoroso – emoldurados pelo célebre afresco de Maccari (Cícerone denuncia Catilina - 1888), reproduzido pelo periódico virtual da
Academia Cearense de Literatura e Jornalismo:
-
Quosque tandem ?
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